Portugal é dos países Europeus no qual a prática da interrupção voluntária da gravidez foi mais recentemente legalizada. Desde 2007, é possível a realização da interrupção da gravidez por opção da mulher até às 10 semanas de gestação (Lei n.º 16/2007 de 17 de Abril). Atualmente, sabemos que cerca de 16% das mulheres portuguesas que engravidam optam pela IVG (PORDATA, 2014), sendo 11% (Direção-Geral da Saúde [DGS], 2015) do total de IVG realizadas por adolescentes (<20 anos, Organização Mundial da Saúde [OMS], 1975). Apesar dos vastos estudos internacionais abordarem as características individuais e relacionais destas mulheres, do processo de tomada de decisão, bem como da adaptação subsequente a esta prática, são ainda escassos os estudos no contexto sociocultural português. Estes são, maioritariamente, prévios à legalização, não refletindo a atual realidade desta prática em Portugal (Cosme & Leal, 1998; Noya & Leal, 1998; Ouró & Leal, 1998). Por sua vez, os dados mais recentes surgem em contextos institucionalmente circunscritos, não permitindo obter uma visão nacional deste fenómeno (Guedes, 2008; Sereno et al., 2012).
Implementado em 18 serviços de saúde de todas as regiões do país (NUTS II, 2002), este projeto procura compreender a interrupção da gravidez por opção da mulher enquanto cadeia de acontecimentos e decisões e identificar especificidades desenvolvimentais através da recolha de dados junto de uma amostra de adolescentes e mulheres adultas. Especificamente, este projeto tem como principais objetivos conhecer os fatores e processos envolvidos 1) na ocorrência da gravidez, 2) no processo de tomada de decisão para a interrupção da gravidez por opção da mulher e 3) no ajustamento socioemocional após esta decisão reprodutiva. Este conhecimento vai permitir a elaboração de linhas de ação quer ao nível da prevenção da ocorrência da gravidez não planeada, quer no suporte disponibilizado às mulheres durante o processo de tomada de decisão e ajustamento após a interrupção da gravidez.
Portugal is one of the European countries in which abortion was most recently legalized. Since 2007, abortion is available on request for women during the first ten weeks of gestation (Assembly of the Republic [AR], 2007). Actually, more than 16% of women who became pregnant in Portugal, decide to terminate the pregnancy (PORDATA, 2014), and 11% of all abortions are performed on adolescents (< 20 years old, World Health Organization’s [WHO], 1975). Although a large body of international research has described the individual and relational characteristics of women who had an abortion, the decision-making process to terminate a pregnancy and on their subsequent psychological adjustment, little is known in Portuguese sociocultural context. The Portuguese studies are usually previous to the law (Cosme & Leal, 1998; Noya & Leal, 1998; Ouró & Leal, 1998). Furthermore, the most recent studies are institutionally restricted, and do not allow to obtain a national overview of this phenomenon (Guedes, 2008; Sereno et al., 2012).
Implemented at 18 health services of all regions of Portugal (as defined by NUTS II, 2002), this project aims to enlarge the global comprehension of abortion as a chain of events and decisions, and to identify developmental specificities through a data from adolescents and adult women. Specifically, this project aims to achieve a more thorough knowledge of the factors involved in 1) the occurrence of pregnancy, 2) the decision-making process to terminate a pregnancy and 3) the women’s psychosocial adjustment after abortion. This knowledge has important implication to develop preventive interventions to unplanned pregnancies, and at women’s support in decision-making process and psychosocial adjustment after abortion.
Maria Cristina Canavarro
Joana Pereira.
Raquel Pires
Aprovado pelas Comissões de Ética (e/ou pelos respetivos Conselhos de Administração ou entidades equiparáveis) de 18 estabelecimentos de saúde onde decorreu a recolha de dados.
Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT – SFRH/BD/89435/2012; FCT - SFRH/BD/63949/2009).
Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC-FPCEUC)
Com o apoio de:
Direção Geral da Saúde – Divisão de Saúde Reprodutiva
Associação para o Planeamento da Família
Norte
Centro Hospitalar do Porto, EPE – Maternidade Júlio Dinis
Centro Hospitalar de São João, EPE – Hospital de São João
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE – Unidade II
Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, EPE – Hospital de São Sebastião, EPE
Centro
Centro Hospitalar do Baixo Vouga, EPE – Hospital Infante D. Pedro
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE – Maternidade Daniel de Matos
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE – Maternidade Bissaya Barreto
Centro Hospitalar de Leiria Pombal, EPE – Hospital de Santo André
Lisboa e Vale do Tejo
Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE – Maternidade Alfredo da Costa
Centro Hospitalar de Setúbal, EPE – Hospital De São Bernardo
Clínica dos Arcos
Centro Hospitalar Barreiro Montijo, EPE – Hospital Nossa Senhora do Rosário
Centro Hospitalar de Lisboa Norte, EPE – Hospital de Santa Maria
Hospital Vila Franca de Xira
Alentejo
Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano; EPE – Hospital Dr. José Maria Grande
Algarve
Hospital de Faro, EPE
Centro Hospitalar Barlavento Algarvio, EPE
Região Autónoma da Madeira
Serviço de Saúde da RAM, EPE – Hospital Dr. Nélio Mendonça
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