A infertilidade é clinicamente definida como a incapacidade de conceber um filho ou de levar uma gravidez a termo após um ano de relacionamento sexual regular e sem utilização de contraceptivos (Zegers-Hochschild et al., 2009). Apesar de as taxas de incidência variarem conforme as regiões, estima-se que em todo o mundo aproximadamente 1 em cada 10 casais sofra de infertilidade (WHO, 2003), sendo esta a prevalência encontrada também em Portugal (Silva-Carvalho & Santos, 2009).
O impacto psicológico da infertilidade tem vindo a ser documentado, sendo frequentemente apontadas, entre outras consequências, a ansiedade, depressão e dificuldades sexuais e conjugais (Boivin & Takefman, 1995; Hynes, Callan, Terry, & Gallois, 1992). Os tratamentos de reprodução medicamente assistida (RMA), quando prolongados ou sem sucesso, mostraram levar a depressão e a sentimentos de perda (McQuillan, Greil, White, & Jacob, 2003). Por outro lado, quando os tratamentos são bem-sucedidos e a gravidez é alcançada, alguns riscos médicos e obstétricos estão documentados (maior risco de parto prematuro, baixo peso do bebé, entre outros; Colpin, 2002), o que poderá conduzir a maior ansiedade e preocupação nos pais. Já no período após o parto, no que se refere à relação pais-filhos, estas famílias parecem apresentar diferenças no que respeita ao stress parental, ao envolvimento e suporte prestado à criança e às representações parentais dos seus bebés, conduzindo a diferentes estilos parentais, o que por sua vez influencia a relação pais-criança que se estabelece (Braverman, Boxer, Corson, Coutifaris, & Hendrix, 1998; Colpin, Demyttenaere, & Vandemeulebroecke, 1995; Gibson, Ungerer, McMahon, Leslie, & Saunders, 2000; Golombok, Cook, Bish, & Murray, 1995; McMahon, Ungerer, Tennant, & Saunders, 1997).
O presente projecto de investigação teve como objectivo principal estudar a adaptação psicossocial dos casais que recorrem a técnicas de Procriação Medicamente Assistida. Apresentando um desenho longitudinal prospectivo, pretendeu caracterizar os seus diferentes percursos desenvolvimentais, focando-se no ajustamento individual e conjugal, tanto nas situações de sucesso coo de insucesso do tratamento. Nas situações em que a gravidez era alcançada, pretendeu-se ainda analisar a transição para a parentalidade, os cuidados parentais e relação entre pais e filhos.
Este projeto engloba os seguintes projetos:
The relational ecology of the transition to parenthood in couples that conceived spontaneously or through Assisted Reproductive Technologies – Sofia Gameiro (SFRH/BD/21584/2005)
Psychosocial adjustment of Portuguese couples to infertility and assisted reproduction– Mariana Moura Ramos (SFRH/BD/23152/2005)
Infertility is defined as the inability to conceive or carry a pregnancy to term after a year of regular sexual intercourse without using contraceptives (Zegers-Hochschild et al., 2009) and it is estimated that about 10% couples suffer from infertility worlwide (Boivin et al., 2007), and similar prevalence has been found in Portugal (Silva-Carvalho & Santos, 2009).
As an obstacle to a major life goal, the infertility experience and its treatment have been documented has having a detrimental effect in couples’ psychosocial adjustment (Boivin & Takefman, 1995; Hynes, Callan, Terry, & Gallois, 1992; McQuillan, Greil, White & Jacob, 2003), although variability in adjustment has been found (Benyamini, Gozlan & Kokia, 2005). On the other hand, when treatments are successful and pregnancy is achieved, some obstetric risks are documented (increased risk of premature birth, low baby weight, among others; Colpin, 2002), which may, in turn, raise some concerns in the parents. Additionally, studies which focused on the relationship between parents and children of families who used ART to conceive found some differences in parental stress, involvement and support provided to the child and parental representations of their babies, leading to different parenting styles, which in turn influences the parent-child is established (Braverman, Boxer, Corson, Coutifaris, & Hendrix, 1998; Colpin, Demyttenaere, & Vandemeulebroecke, 1995; Gibson, Ungerer, McMahon, Leslie, & Saunders, 2000; Golombok, Cook, Bish, & Murray, 1995; McMahon, Ungerer, Tennant, & Saunders, 1997), although studies are non-consensual.
This research project aimed at studying the psychosocial adaptation of couples undergoing Assisted Reproduction treatments. Using a longitudinal design, we aimed to describe their different developmental pathways, focusing on individual and marital adjustment, either when treatment was successful or unsuccessful. When pregnancy was achieved, we further analyzed psychosocial adjustment to the transition to parenthood, parental care and relationship between parents and children.
This project includes the following projects:
The relational ecology of the transition to parenthood in couples that conceived spontaneously or through Assisted Reproductive Technologies – Sofia Gameiro (SFRH/BD/21584/2005)
Psychosocial adjustment of Portuguese couples to infertility and assisted reproduction – Mariana Moura Ramos (SFRH/BD/23152/2005)
Maria Cristina Canavarro
Sofia Gameiro
Mariana Moura-Ramos
Isabel Soares
Escola de Psicologia, Universidade do Minho
Teresa Almeida Santos
Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra
Jacky Boivin
School of Psychology, Cardiff University, Reino Unido
Comissão de Ética dos HUC - Hospitais da Universidade de Coimbra
Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/21584/2005 - SFRH/BD/23152/2005)
Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Vocacional e Social (IPCDVS) - FPCEUC
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação - Universidade de Coimbra
Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Vocacional e Social (IPCDVS) – FPCEUC
UnIP - Unidade de Intervenção Psicológica Maternidade Daniel de Matos
Serviço de Medicina da Reprodução dos Hospitais da Universidade de Coimbra
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